No 1º trimestre os alunos do 9º ano tiveram de preparar a leitura expressiva de um soneto retirado da coletânea de poemas organizada por Inês Pupo. Receberam 10 propostas de sonetos, mas houve uma preferência nítida pelo soneto «Ouvir Estrelas» de Olavo Bilac que deu origem à seguinte música referida por angel2319 no trabalho que teve de redigir sobre o poeta e sobre o conteúdo do poema:
Na internet podemos encontrar várias leituras expressivas e declamações que nos podem ajudar a preparar este trabalho oral. Aqui ficam três exemplos do mesmo poema de Olavo Bilac (NB: estes exemplos são declamações e não leituras expressivas - aos alunos foi pedido que preparassem leituras expressivas, apesar disso, estes trabalhos não deixam de ser exemplos inspiradores para realizar boas leituras expressivas):
Apresentam-se a seguir as melhores leituras realizadas no primeiro trimestre em sala de aula:
- OUVIR ESTRELAS de Olavo Bilac
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
(Poesias, Via-Láctea, 1888.)
(leitura expressiva de angel2319)
- SONHO ORIENTAL de Antero de Quental
Sonho-me às
vezes rei, n'alguma ilha,
Muito longe, nos mares do Oriente,
Onde a noite é balsâmica e fulgente
E a lua cheia sobre as águas brilha...
O aroma da magnólia e da baunilha
Paira no ar diáfano e dormente...
Lambe a orla dos bosques, vagamente,
O mar com finas ondas de escumilha...
E enquanto eu na varanda de marfim
Me encosto, absorto n'um cismar sem fim,
Tu, meu amor, divagas ao luar,
Do profundo jardim pelas clareiras,
Ou descansas debaixo das palmeiras,
Tendo aos pés um leão familiar.
Antero de Quental, in "Sonetos"
Muito longe, nos mares do Oriente,
Onde a noite é balsâmica e fulgente
E a lua cheia sobre as águas brilha...
O aroma da magnólia e da baunilha
Paira no ar diáfano e dormente...
Lambe a orla dos bosques, vagamente,
O mar com finas ondas de escumilha...
E enquanto eu na varanda de marfim
Me encosto, absorto n'um cismar sem fim,
Tu, meu amor, divagas ao luar,
Do profundo jardim pelas clareiras,
Ou descansas debaixo das palmeiras,
Tendo aos pés um leão familiar.
Antero de Quental, in "Sonetos"
(leitura expressiva de laetitia)
- OS BOIS de Conde de Monsaraz
Na doce paz da tarde que declina
após a faina sob um sol ardente,
vão os bois reconhendo lentamente
pelas vias desertas da campina.
Atravessam depois a cristalina
ribeira e ao flébil som de água corrente
bebem sedentos, demoradamente,
numa sensual beleza que os domina.
Mas quando, fartos d' água, erguendo as frontes,
os beiços escorrendo, olham os montes
e ouvem cantar ao alto os rouxinois,
eu fico-me a cismar, calado e triste,
que um mundo de impressões, que uma alma existe
nos olhos enigmáticos dos bois!
Conde de Monsaraz (António de Macedo Papança) (1852-1913), Poemas Portugueses, p. 886. O poema foi originalmente publicado no livro Musa Alentejana (1908).
(leitura expressiva de catarina rebelo)
- A SELVAGEM de Gomes Leal
Às vezes, como os grandes
fantasistas,
Sinto o desejo intenso das viagens…
E ir sozinho habitar entre os
selvagens,
Como num ermo os ásperos trapistas.
As grandes, vastas, límpidas paisagens,
Que sabem ver os imortais artistas…
Teriam novos tons, novas imagens,
Longe do mundo avaro e as suas
vistas!
Com uma virgem — flor dessas
montanhas —
Entre os mil sons das árvores
estranhas,
Dos coqueiros, bambús … fôra
feliz!…
Dormiria em seus braços nus,
lustrosos,
E ouviria, entre uns beijos
voluptuosos,
— Tilintar-lhe as argolas do nariz.
in Claridades do Sul, 2ª edição (revista e aumentada), Lisboa, 1901.
(leitura expressiva de copinel)
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